MARIANA ROCHA CANISSO
ARTE E CULTURA REGIONAL NA ESCOLA
Projeto de Curso para o ensino de Artes Visuais
Projeto de curso para o ensino de artes visuais, sob
a orientação da Prof.ª Aline Sesti Cerutti apresentado como parte dos
requisitos para a aprovação no curso de Artes Visuais – Licenciatura.
CAMPO GRANDE - MS
2015
ARTE
E CULTURA REGIONAL NA ESCOLA
APRESENTAÇÃO
Durante o período de observação do estágio
obrigatório na rede municipal de ensino, foi visto que a arte e os artistas regionais de
Mato Grosso do Sul são pouco trabalhados nas aulas de arte e quando
são selecionados ocorre uma repetição dos mesmos artistas sobre o
tema.
Desta forma no meu Trabalho de Conclusão de Curso, intitulado “A Arte
Regional no Ensino de Arte”, desenvolvo a pesquisa sobre como os professores tratam
a arte e os artistas regionais no ensino de arte. Um dos pontos do meu trabalho
consiste na apresentação de artistas regionais atuais, e como demonstrado no
plano de curso, de que modo esses artistas atuais da região podem ser
trabalhados em sala de aula. Falo também sobre a questão da identidade
cultural, tradição e cultura de Mato Grosso do Sul e sobre como as aulas de
arte são desenvolvidas e ministradas pelos professores da atualidade.
Com base nisso, o Projeto de
Curso desenvolvido, tem como foco o ensino de arte e cultura regional,
cujos temas estão relacionados ao conceito de identidade cultural. O plano
de aula será desenvolvido ao longo de dez aulas geminadas para alunos do
9º ano do ensino fundamental.
Tenho como objetivo, com este trabalho, mostrar
para os alunos e professores que a arte sul-mato-grossense é extremamente rica
e diversificada e que a cada ano que passa novos artistas surgem e se destacam.
É possível trabalhar com os alunos, os artistas da atualidade que estão
realizando exposições como, por exemplo, no Museu de Arte Contemporânea- MARCO.
Isso significa sair de um ciclo, em que são utilizados repetidamente os mesmos
artistas na elaboração das aulas de arte tornando-as repetitivas e previsíveis,
para algo novo e que atraia mais a atenção e interesse do aluno.
Com
base nisso criei um plano de aula que visa a apresentação de artistas regionais
da atualidade.
De acordo com Barbosa (2008,
p. 98), “hoje, a aspiração dos arte/educadores é influir positivamente no
desenvolvimento cultural dos estudantes por meio do conhecimento de arte que
inclui a potencialização da recepção crítica e a produção”.
Neste conceito, este plano
de curso tem como objetivo fazer com que o aluno compreenda o que é arte e
cultura regional e conheça artistas regionais da atualidade, desenvolvendo uma
identidade cultural no processo. Barbosa (2008, p.100) diz que:
Através da Arte, é possível desenvolver a percepção
e a imaginação para aprender a realidade do meio ambiente, desenvolvendo a
capacidade crítica, permitindo analisar a realidade percebida e desenvolver a
capacidade criadora de maneira a mudar a realidade que foi analisada.
Inicialmente, será proposto
que os alunos reflitam sobre sua identidade cultural através de um desenho de
autorretrato com a finalidade de construir uma carteira de identidade do aluno
com os principais aspectos que o identificam.
De acordo com Hall (2006, p. 12), “o sujeito, hoje, é composto não de
uma única, mas de várias identidades, algumas vezes contraditórias ou não-resolvidas”.
Esse primeiro trabalho tem como objetivo o começo da construção da identidade
cultural do aluno.
Em um segundo momento,
através da pintura com tinta aquarela, feita pelos próprios alunos com
pigmentos naturais, as identidades culturais que vinham sendo trabalhadas
deverão ser recriadas. Obras da série “Fábulas Instantâneas”, da artista
Priscilla Pessoa, serão utilizadas para conhecimento, reflexão e motivação para
a produção dos alunos.
Ainda
trabalhando com aquarela, com o diferencial de que neste trabalho os alunos
irão trabalhar apenas com tons feitos a partir do café solúvel, deverá ser
desenvolvido a criação de uma nova identidade baseando-se na ideia da obra de
José Henrique Yura,” X, Y e Zé”, que constrói diferentes identidades em
diferentes contextos.
A
tinta aquarela foi selecionada para esses trabalhos, pois, possui um resultado
visual muito particular; a capacidade de obter transparência faz com que a
aquarela possibilite ao aluno fazer sobreposições no desenho, criando
possibilidades de criação que outro material não proporcionaria, além do fato
que sua secagem é rápida e fácil de armazenar.
A
experiência artística e cultural adquiridas durante o processo de aprendizagem,
podem levar a reflexões e discussões sobre a identidade cultural que farão
parte da vida do aluno. De acordo com Barbosa (2008, p. 343):
A arte é educacionalmente importante porque
equipa indivíduos com relevantes ferramentas para desenhar seu mundo. As
ferramentas ou estratégias cognitivas envolvidas nesse processo de aprendizagem
incluem a imaginação como uma função esquematizadora e suas extensões pelas
projeções metafóricas. A metáfora, em particular, constrói ligações que nos
permitem entender e estruturar o conhecimento em diferentes domínios, para
estabelecer conexões entre coisas aparentemente não relacionadas.
Por fim, o projeto de curso elaborado, não
apenas fará com que o aluno conheça artistas regionais da atualidade, como
também proporcionará uma descoberta da sua própria identidade e raízes
culturais.
IDENTIFICAÇÃO:
Turma: 9º ano
Disciplina:
Arte
Duração: 5
aulas geminadas (total de 10 aulas)
Professor: Mariana
Rocha Canisso
Objetivo Geral
Compreender
arte e cultura regional, cujos temas estão relacionados ao conceito de
identidade cultural.
Objetivos específicos
O
aluno será capaz de:
·
Entender o que é cultura regional e
identidade cultural.
·
Conhecer de forma sucinta a vida e a obra de
alguns artistas regionais do Mato Grosso do Sul (Priscilla Pessoa e José
Henrique Yura).
·
Conhecer a
história da aquarela e experimentar técnicas de pintura com aquarela.
·
Desenvolver produções artísticas com criatividade
aplicando a técnica da pintura em aquarela.
·
Expressar suas ideias através da linguagem do
desenho.
·
Interagir com os colegas da sala para exercer
a sociabilidade.
·
Refletir sobre a construção da sua identidade
cultural.
·
Entender o que é diversidade cultural.
Conteúdo geral:
Aspectos
da arte e cultura regional de Mato Grosso do Sul.
Conteúdos específicos:
·
Cultura regional.
·
Identidade cultural.
·
Diversidade cultural.
·
Linguagem do desenho.
·
Técnica de pintura com aquarela utilizando
pigmentos naturais.
·
Breve biografia e algumas obras de Priscila
Pessoa e José Henrique Yura.
Procedimento
de ensino
1º aula e 2º aula-2h/a.
Objetivo específico: Refletir
sobre a construção da sua identidade cultural.
Conteúdos específicos:
- Conceito
sobre a identidade cultural.
- Linguagem do desenho.
Desenvolvimento: O professor iniciará a aula propondo uma
dinâmica para conhecer melhor o aluno e fazer uma reflexão sobre o conceito de
identidade cultural. Neste exercício o professor pedirá que os alunos criem uma
carteira de identidade, em que, contenha os seus principais interesses
culturais. O aluno deverá realizar um desenho de autorretrato e complementar a
carteira com as questões sobre: o que gosta dentro e fora da sala de aula, que
lugares frequenta, idade, sexo, sua origem e descendência étnica entre outras
perguntas.
Ao final da atividade os alunos deverão
apresentar oralmente suas identidades culturais através da carteira de
identidade produzida. Para a apresentação das identidades, os alunos, deverão
formar um semicírculo e ir até o centro para apresentar sua identidade. Em
seguida, deverão colar os trabalhos no mural da sala de aula.
Os alunos serão avaliados na aprendizagem
sobre o conteúdo proposto através das produções realizadas e com a exposição
oral das mesmas.
Recursos: Lápis de cor, papel sulfite A4, espelho.
3º
aula e 4º aula- 2h/a.
Objetivos específicos:
- Conhecer a história da aquarela.
- Experimentar técnicas
de pintura com aquarela.
Conteúdos específicos:
- História da aquarela.
- Técnica da aquarela.
Desenvolvimento: O
professor apresentará uma aula teórica/prática sobre a técnica da pintura em
aquarela e apresentará um texto sobre a história da aquarela. Serão abordados
os seguintes aspectos:
-
Introdução à técnica da aquarela: como preparar a tinta, que quantidade usar,
que papel e pinceis são ideais, como armazenar o material.
-
Como fazer tinta aquarela utilizando pigmentos naturais, tais como: hibisco,
café solúvel, açafrão, urucum, anis, entre outros. (Demonstração com aula
prática).
Em
seguida, os alunos deverão fazer uma experimentação livre com aquarela. O aluno
individualmente com o auxílio do professor, deverá experimentar algumas
técnicas de pintura com aquarela utilizando as tintas produzidas na sala com o
intuito de se familiarizar com a aquarela.
Os alunos serão avaliados na aprendizagem
sobre o conteúdo proposto a partir do desenvolvimento das tintas aquarelas e
sua utilização em sala.
Recursos: Água,
pigmentos naturais, pincel, papel canson A4,
texto sobre aquarela.
5º
aula e 6º aula- 2h/a.
Objetivos específicos:
- Conhecer de forma sucinta a
vida e obras da artista Priscilla Pessoa.
- Produzir uma pintura em aquarela com o tema sobre a
identidade cultural.
Conteúdos específicos:
- Breve biografia e algumas obras de Priscilla Pessoa.
- Pintura em aquarela com a técnica aguada sobre papel
seco.
- Conceito de identidade cultural.
- Arte e cultura regional de Mato Grosso do Sul.
Desenvolvimento: A
professora falará sobre a biografia e obras da artista Priscilla Pessoa, sobre
a temática em especial da obra “Fábulas Instantâneas XIX”. O aluno deverá
relacionar aos conceitos sobre a identidade cultural, cultura regional em
relação ao aspecto da arte/cultura universal. Serão utilizados textos impressos
para o aluno, considerados um apoio à explicação da professora para compreensão
do conhecimento.
Em seguida será pedido aos
alunos que façam uma pintura, individualmente, com a temática da identidade
cultural em uma folha de papel canson A4 utilizando aquarela. Os alunos criarão
trabalhos que recriem sua identidade cultural, como veem a si mesmo, utilizando
a técnica de pintura em aquarela com pigmentos naturais trazidos pelos alunos
de casa. As obras da artista Priscila Pessoa da série “Fabulas Instantâneas”
ficarão em exposição de forma impressa e serão comentadas pela professora para
conhecimento, reflexão e motivação a produção dos alunos.
Os
alunos serão avaliados na aprendizagem sobre o conteúdo proposto a partir de
discussões em sala sobre o tema e através das produções realizadas em sala.
Recursos: Obras
impressas da artista Priscilla Pessoa, água, pigmentos naturais, pincel, papel
canson A4, breve biografia da artista, texto sobre identidade cultural.
7º
aula e 8º aula- 2h/a.
Objetivos específicos:
- Conhecer de forma sucinta a vida e obras do artista
José Henrique Yura.
- Entender o que é
diversidade cultural.
- Expressão de suas
ideias através do desenho.
Conteúdos específicos:
- Breve biografia e algumas obra de José Henrique Yura.
- Conceito de Identidade cultural e diversidade cultural.
-Linguagem do desenho.
Desenvolvimento:
Término e apresentação das produções
realizadas em sala dos trabalhos da aula anterior. Os alunos irão apresentar os
seus trabalhos para os colegas, com intuito de refletir e apreciar aspectos
como a técnica e a temática relacionada a identidade cultural. Em
seguida, a professora irá apresentar
a obra: “X, Y e Zé” de José Henrique
Yura para os alunos e falará um pouco sobre o
artista assim como da obra, discutindo sobre a temática abordada com a
finalidade de mostrar as diferentes identidades que podemos construir em
diferentes contextos e como elas podem mudar no decorrer da vida. Em seguida, a
professora pedirá que os alunos façam um desenho - esboço com lápis preto,
sobre como poderia se adquirir uma nova identidade, este trabalho terá continuidade
na próxima aula.
Os
alunos serão avaliados na aprendizagem sobre o conteúdo proposto a partir de
discussões em sala sobre o tema.
Recursos: Obra
“X, Y e Zé” impressa de José Henrique Yura, breve biografia do artista, papel
canson A4, lápis preto.
9º aula e 10º aula- 2h/a.
Objetivos específicos:
- Desenvolver
produções artísticas com criatividade aplicando a técnica da pintura em
aquarela.
- Produzir pintura
aquarela explorando tons a partir da cor feita com pigmento natural de café.
Conteúdos específicos:
- Conceitos
de Identidade cultural e diversidade cultural.
- Pintura em aquarela.
- Tonalidades de cor.
Desenvolvimento:
Será
pedido aos alunos que trabalhem sobre o desenho - esboço da aula anterior com a
pintura em aquarela utilizando pigmentos com tons feitos com aguada de café.
Utilizarão como suporte uma folha de papel canson A4. Em seguida, os alunos
irão apresentar os seus trabalhos para a classe e realizar comentários sobre o
processo e resultados obtidos conforme os critérios dados sobre o tema
(identidade cultural) e a técnica aquarela com aguada de café. O professor
participará com a turma contribuindo sobre estes aspectos. Os trabalhos ficarão
expostos no mural da escola.
Os
alunos serão avaliados na aprendizagem sobre o conteúdo proposto a partir das
produções realizadas com a exposição oral dos mesmos.
Recursos: Papel canson A4, água, godê, café solúvel, pincel.
Avaliação:
A avaliação da
aprendizagem é caracterizada como um processo para definir se os objetivos
traçados pelo professor durante o planejamento de sua aula foram alcançados
pelos alunos. De acordo com Luckesi (2008, p.150):
“A avaliação
serve de instrumento de verificação dos resultados planejados que estão sendo
obtidos, assim como para fundamentar decisões que devem ser tomadas para que os
resultados sejam construídos.”
Dentro
deste contexto, a avaliação ocorrerá de forma processual, em que, o professor
examinará as atividades realizadas em sala pelos alunos ao longo do processo e
também ao final de cada atividade, examinando se os objetivos preestabelecidos
foram alcançados, no caso, se os alunos conseguiram assimilar o conteúdo sobre
arte e cultura regional e as técnicas de pintura com aquarela presentes no
plano de ensino. Outro critério a ser avaliado, é se os alunos participaram das
atividades propostas pelo professor e seu desempenho nelas, tendo como apoio a
orientação e o auxílio do professor.
A produção dos materiais que serão utilizados
nas aulas também serão avaliados como parte das atividade, no caso, a produção
das tintas aquarelas utilizando pigmentos naturais e tons, o professor avaliará
se o aluno seguiu os critérios estabelecidos para a fabricação das tintas,
assim como, sua utilização nos trabalhos, além de avaliar se a temática
proposta foi seguida. Ao final de cada atividade o aluno deverá falar sobre suas
experiências ao realizar as atividades e sobre o resultado final das produções
através de exposição e leitura das obras feitas em sala.
No exercício de
apreciação do próprio trabalho o aluno contribuirá para a avaliação das
produções suas e dos outros. Luckesi (2008), afirma que a avaliação é um ato de
investigar a qualidade dos resultados intermediários ou finais de uma ação,
subsidiando sempre sua melhora. Dentro deste contexto, a avaliação visa sempre
a melhora do trabalho do aluno e não uma classificação, por notas, do mesmo.
Logo, a avaliação será realizada durante todas as etapas do processo de criação
dos trabalhos e visará sempre um melhoramento e não um julgamento dos trabalhos
dos alunos.
Referência
bibliográfica:
Campo Grande News,
Ele se desmembra, tentando quebrar qualquer padrão. Disponível em:
.
Acesso em 20 de fevereiro de 2016.
Fundação de Cultura
de Mato Grosso do Sul. Salão de Arte de
Mato Grosso do Sul. Campo grande, 2012.
KINDERSLEY, Dorling. Arte para crianças. São Paulo:
Publifolha, 2012.
__________LUCKESI,
Cipriano C. Avaliação da aprendizagem
escolar: estudos e proposições. 19º ed. São Paulo: Cortez, 2008.
MARCHAND, Pierre. A criação da pintura. São Paulo:
Melhoramentos, 1994.
MENEGAZZO, Maria
Adélia. Introdução e Artes plásticas. In: Cultura
e arte em Mato Grosso do Sul. Campo Grande: FCMS, 2006. p. 13-34.
______________________________Priscilla
Pessoa, Fábulas. Disponível em: .
Acesso em 20 de fevereiro de 2016.
Anexo
Textos:
Texto
1:
Técnica
da Aquarela
A aquarela vem sendo usada a
centenas de anos pelo homem. A aquarela é um material fácil de carregar e de
secagem rápida, podendo inclusive ser trabalhado em diferentes tipos de
suportes, sendo o principal suporte utilizado o papel. É uma tinta à base de
água, por isso seca rapidamente. Pierre Marchand explica que:
A aquarela é feita de
pigmento misturados a água, elas são fabricadas com uma mistura de ingredientes
que não variou nos últimos cem anos: terras finas, goma-arábica, galha, mel e
açúcar-cande. A massa é despejada sobre uma placa de granito e quando
endurecida, é cortada em tabletes, como balas.
Ela é aplicada em aguadas ralas de cor delicada que vão sendo
sobrepostas. (1994, p. 23)
As principais qualidades da
aquarela são a transparência e a ilusão de luz, além de ser um material leve
que seca assim que a água evapora. No livro Arte para crianças diz que:
A aquarela provavelmente
surgiu com as pinturas rupestres primitivas, em que pigmentos eram misturados a
água. Ela se tornou mais popular no Renascimento e hoje é muito usada por
artistas amadores. (2012, p.52)
Há muitas técnicas de
pintura com aquarela, uma delas é a úmido sobre úmido, em que mergulha-se o
papel na água e trabalha com a aquarela no papel ainda úmido, ou pode-se
esperar que as aguadas sequem e aplicar outras cores sobre elas, aumentando sua
intensidade. Ao invés de utilizar a tinta branca, pode-se deixar áreas do papel
vazias ou raspá-las depois.
A
aquarela deve ser trabalhada em papéis com gramatura acima de 180gr, por ser
uma tinta à base de água, rasga com facilidade papéis mais finos. Os pincéis de
pêlos macios são os ideais para se trabalhar com a aquarela.
Texto
2:
Identidade
Cultural
Nossa identidade será criada
com base em um misto de experiências e fatores sociais, culturais, históricos,
e outros, como por exemplo, classe social, nível de conhecimento, gostos
pessoais, o meio em que vive, religião, influência estrangeira, entre outros.
De acordo com Kathiane Iglesias Rocha apud Menegazzo (2006, p.15):
A identidade
cultural não pode ser vista como algo limitador, que fecha cada cultura dentro
de seu respectivo espaço, mas, principalmente, como um meio de se confrontarem
as diferenças, tornando-as evidentes, e tratando tais diferenças num patamar de
igualdade de valor. Não há identidades mais valorizáveis, ou menos
reconhecíveis, o que existe é a inegável presença de culturas diferentes e
singulares, e cada uma delas deve ser vista e valorizada segundo suas
especificidades, não deixando de ser evidenciada também enquanto elemento
componente de um valor total.
A
busca por uma identidade é algo que em algum momento de nossas vidas irá
acontecer, e não será uma tarefa fácil. De certa forma a identidade está em
constante transformação, com tantas mídias e meios de comunicação, e o contato com
o outro e o mundo, somos frequentemente influenciados por elas, e nos vemos em
constante mudança. De acordo com Stuart Hall (2006, p. 21): “uma vez que que a
identidade muda de acordo com a forma como o sujeito é interpretado ou
representado, a identificação não é automática, mas pode ser ganhada ou
perdida.”
Texto 3:
Artista:
Priscilla Pessoa
Priscilla Pessoa, é
natural de Campo Grande – MS e é professora do curso de Artes Visuais da UFMS.
Formada em bacharel em Artes Visuais pela UFMS com mestrado em Estudos de
linguagem é também artista visual e utiliza a pintura e o desenho como
linguagens. Participou de inúmeras exposições, mostras e salões de arte,
inclusive tendo sido premiada em alguns deles, tais como os salões de arte de
MS de 2012, 2013 e 2014. Possui 16 obras incorporadas ao acervo do MARCO – Museu
de arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul e
2 obras incorporadas ao acervo do SESC – Horto. Em sua série “Fábulas Instantâneas” se apropria de imagens da internet e cria uma segunda identidade para as imagens brincando com o fato da representação que mostramos ao mundo em uma fotografia, dando oportunidade para o observador da obra, criar então, uma terceira identidade através da leitura da obra.
2 obras incorporadas ao acervo do SESC – Horto. Em sua série “Fábulas Instantâneas” se apropria de imagens da internet e cria uma segunda identidade para as imagens brincando com o fato da representação que mostramos ao mundo em uma fotografia, dando oportunidade para o observador da obra, criar então, uma terceira identidade através da leitura da obra.
Texto 4:
Artista: José
Henrique Yura
José
Henrique Yura nasceu em Aparecida do Tabuado e é descendente de japoneses.
Tentou cursar a faculdade de moda, porém, não se classificou e uma semana antes
de completar 18 anos se mudou para Campo Grande, onde entrou para o curso de
Artes Visuais da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Sempre foi assunto
em sua cidade natal por conta de sua “estranheza”, mas nunca se importou com
comentários de estranhos. Yura diz que:
“Essa mudança na minha
vida é algo muito natural. Eu, enquanto ser humano, indivíduo existente, tenho
a necessidade constante de mudança. Eu preciso estar constantemente mudando
minha aparência, meu modo de vestir, enfim, preciso mudar meu visual” (2011)
Único artista da família, Yura nunca pensou
que fosse trabalhar com linguagens, foi algo que aconteceu durante o tempo que
cursou a faculdade e teve contato com diferentes formas de expressão. Seu
trabalho “X, Y e Zé” foi selecionado para o Salão de Artes de Mato Grosso do
Sul e ficou em exposição por uma temporada no Museu de Arte Contemporânea -
MARCO.
Texto 5:
Arte Regional
Sabemos que o Mato Grosso do Sul é um Estado
relativamente novo, tendo ocorrido o desmembramento do Estado de Mato Grosso em
1977, mas estabelecendo a categoria de Estado de Mato Grosso do Sul somente em
1979, pelo então Presidente Ernesto Geisel. Além de configurar-se politicamente
como um novo Estado, também procurou reconstruir as identidades culturais que
acabaram se unindo às tradições e culturas já existentes, criando hoje o que
conhecemos como nossa cultura regional sul-mato-grossense.
Dentro deste contexto, a
arte, passou por grandes mudanças. A mistura de nossa cultura pode ser percebida na arte regional, com grande
influência indígena, além das influências dos povos de países vizinhos que
fazem fronteira com o Mato Grosso do Sul, como o Paraguai, Bolívia, e a
proximidade com os estados do Sul, de São Paulo, Mato Grosso, entre outros. É
essa diversidade que possibilitou a identificação da arte e cultura próprias,
levando em consideração as influências tanto nacionais quanto internacionais.
Segundo Maria Adélia Menegazzo (2006, p. 17), a cultura pode ser vista como
visão do mundo ou como produto, mas necessariamente como marca de cidadania. A
autora afirma nossa diversidade:
Retomando
o conceito de cultura como visão do mundo, podemos dizer que a cultura sul
mato-grossense é plural e multifacetada. Difícil de ser contida ou descrita em
todos os seus aspectos. Mato Grosso do Sul é um meltingpot, um cadinho, uma mistura de povos, de fronteiras secas
internas e internacionais, o que o torna um Estado formado mais por ajuntamento
do que por evolução natural.
Da mesma forma que existe
quase uma infinidade de ideias e valores a serem seguidos, também existe uma
unidade, um padrão cultural internacional. Menegazzo (2006, p.16), faz
referência a este padrão em seu texto:
Ao
mesmo tempo em que as diferenças se acentuam, há um movimento de assimilação de
um padrão cultural internacional que mantem presente a ideia de se pertencer a
uma tradição mais ampla, em oposição ao tradicionalismo que impede o questionamento
das estereotipias, que revelam o saber do senso comum, entendido como
conhecimento espontâneo, ingênuo ou como pensamento natural.
Logo, percebemos que a
cultura e as tradições são feitas pelo seu próprio povo, é o povo quem dita que
valores querem atribuir dentro da sociedade em que vive e convive. Hábitos e
valores podem ser mudados com o tempo, pois como foi dito anteriormente, nada é
imutável e a quantidade de ideias e valores que a humanidade pode se submeter é
de quase uma infinidade. Porém, dentro de tantas opções, sempre haverá uma
unidade cultural a se retornar ou, simplesmente não sair.
Somos
um estado que recebemos influência de outros estados e isso nos fez o que somos
hoje: um estado multicultural.
Imagens:
Imagem número 1.
Artista:
Priscilla Pessoa
Obra:
“Fabulas Instantâneas XIX”.
Técnica: Aquarela sobre papel.
Fonte:
atelieppp.blogspot.com.br/p/fabulas.html
Catalogo de 2012 do MARCO
A
artista se apropria de retratos de mídias, e com a sua poética recria
identidades. A identidade ganha contornos universais, nos recortes e
criação poética da artista. Segundo Menegazzo (2006, p. 34), “a sinuosidade, própria do objeto representado, remete ao
arabesco que, por sua vez favorece o entrelaçamento dos corpos aos pares, o
jogo de máscaras e de mitos, a expressividade das cores”
Imagem número 2.
Artista: José Henrique Yura
Obra: X, Y e Zé
Técnica: foto-instalação
Fonte:
catalogo de 2012 do MARCO
José
Henrique Yura, apresenta em sua obra uma nítida busca pela identidade. Na obra
mostra uma evolução de si próprio; as mudanças em sua identidade no decorrer
dos anos. A obra representada no formato de uma carteira de identidade, mostra
a evolução da identidade do artista.
[1] Recomendamos como
referência bibliográfica sobre a obra de Lídia Baís o livro: RIGOTTI, Paulo.
Imaginário e Representação na Pintura de Lídia Baís. Dourados: UEMS/UFGD,2009.
[2] MARCO: R. Antônio Maria
Coelho, 6000 - Carandá Bosque, Campo Grande – MS. Morada dos Baís: Av.
Noroeste, 5140, Campo Grande, MS.
[3] Outras referências
sobre Humberto Espíndola podem ser encontradas no portal online do artista.
Disponível em: http://www.humbertoespindola.com.br/ Acesso em: 20/06/2015.
[4] Outras referências
sobre Priscilla Pessoa podem ser encontradas no portal online do artista.
Disponível em: http://atelieppp.blogspot.com.br/ Acesso
em: 26/06/2015.
[5] Outras referências sobre o artista José Henrique Yura podem ser
encontradas na entrevista online para o Campo Grande News. Disponível em: http://www.campograndenews.com.br/lado-b/comportamento-23-08-2011-08/ele-se-desmembra-tentando-quebrar-qualquer-padrao
Acesso em: 26/06/2015.