segunda-feira, 18 de abril de 2016

ARTE E CULTURA REGIONAL NA ESCOLA

MARIANA ROCHA CANISSO






ARTE E CULTURA REGIONAL NA ESCOLA
Projeto de Curso para o ensino de Artes Visuais
Projeto de curso para o ensino de artes visuais, sob a orientação da Prof.ª Aline Sesti Cerutti apresentado como parte dos requisitos para a aprovação no curso de Artes Visuais – Licenciatura.








CAMPO GRANDE - MS
 2015



ARTE E CULTURA REGIONAL NA ESCOLA
APRESENTAÇÃO
Durante o período de observação do estágio obrigatório na rede municipal de ensino, foi visto que a arte e os artistas regionais de Mato Grosso do Sul são pouco trabalhados nas aulas de arte e quando são selecionados ocorre uma repetição dos mesmos artistas sobre o tema.
Desta forma no meu Trabalho de Conclusão de Curso, intituladoA Arte Regional no Ensino de Arte”, desenvolvo a pesquisa sobre como os professores tratam a arte e os artistas regionais no ensino de arte. Um dos pontos do meu trabalho consiste na apresentação de artistas regionais atuais, e como demonstrado no plano de curso, de que modo esses artistas atuais da região podem ser trabalhados em sala de aula. Falo também sobre a questão da identidade cultural, tradição e cultura de Mato Grosso do Sul e sobre como as aulas de arte são desenvolvidas e ministradas pelos professores da atualidade.  
Com base nisso, o Projeto de Curso desenvolvido, tem como foco o ensino de arte e cultura regional, cujos temas estão relacionados ao conceito de identidade cultural. O plano de aula será desenvolvido ao longo de dez aulas geminadas para alunos do 9º ano do ensino fundamental.
Tenho como objetivo, com este trabalho, mostrar para os alunos e professores que a arte sul-mato-grossense é extremamente rica e diversificada e que a cada ano que passa novos artistas surgem e se destacam. É possível trabalhar com os alunos, os artistas da atualidade que estão realizando exposições como, por exemplo, no Museu de Arte Contemporânea- MARCO. Isso significa sair de um ciclo, em que são utilizados repetidamente os mesmos artistas na elaboração das aulas de arte tornando-as repetitivas e previsíveis, para algo novo e que atraia mais a atenção e interesse do aluno.
Com base nisso criei um plano de aula que visa a apresentação de artistas regionais da atualidade.
De acordo com Barbosa (2008, p. 98), “hoje, a aspiração dos arte/educadores é influir positivamente no desenvolvimento cultural dos estudantes por meio do conhecimento de arte que inclui a potencialização da recepção crítica e a produção”.
Neste conceito, este plano de curso tem como objetivo fazer com que o aluno compreenda o que é arte e cultura regional e conheça artistas regionais da atualidade, desenvolvendo uma identidade cultural no processo. Barbosa (2008, p.100) diz que:
Através da Arte, é possível desenvolver a percepção e a imaginação para aprender a realidade do meio ambiente, desenvolvendo a capacidade crítica, permitindo analisar a realidade percebida e desenvolver a capacidade criadora de maneira a mudar a realidade que foi analisada.  
Inicialmente, será proposto que os alunos reflitam sobre sua identidade cultural através de um desenho de autorretrato com a finalidade de construir uma carteira de identidade do aluno com os principais aspectos que o identificam.  De acordo com Hall (2006, p. 12), “o sujeito, hoje, é composto não de uma única, mas de várias identidades, algumas vezes contraditórias ou não-resolvidas”. Esse primeiro trabalho tem como objetivo o começo da construção da identidade cultural do aluno.
Em um segundo momento, através da pintura com tinta aquarela, feita pelos próprios alunos com pigmentos naturais, as identidades culturais que vinham sendo trabalhadas deverão ser recriadas. Obras da série “Fábulas Instantâneas”, da artista Priscilla Pessoa, serão utilizadas para conhecimento, reflexão e motivação para a produção dos alunos.
Ainda trabalhando com aquarela, com o diferencial de que neste trabalho os alunos irão trabalhar apenas com tons feitos a partir do café solúvel, deverá ser desenvolvido a criação de uma nova identidade baseando-se na ideia da obra de José Henrique Yura,” X, Y e Zé”, que constrói diferentes identidades em diferentes contextos. 
A tinta aquarela foi selecionada para esses trabalhos, pois, possui um resultado visual muito particular; a capacidade de obter transparência faz com que a aquarela possibilite ao aluno fazer sobreposições no desenho, criando possibilidades de criação que outro material não proporcionaria, além do fato que sua secagem é rápida e fácil de armazenar.   
A experiência artística e cultural adquiridas durante o processo de aprendizagem, podem levar a reflexões e discussões sobre a identidade cultural que farão parte da vida do aluno. De acordo com Barbosa (2008, p. 343):
A arte é educacionalmente importante porque equipa indivíduos com relevantes ferramentas para desenhar seu mundo. As ferramentas ou estratégias cognitivas envolvidas nesse processo de aprendizagem incluem a imaginação como uma função esquematizadora e suas extensões pelas projeções metafóricas. A metáfora, em particular, constrói ligações que nos permitem entender e estruturar o conhecimento em diferentes domínios, para estabelecer conexões entre coisas aparentemente não relacionadas.
Por fim, o projeto de curso elaborado, não apenas fará com que o aluno conheça artistas regionais da atualidade, como também proporcionará uma descoberta da sua própria identidade e raízes culturais.


























IDENTIFICAÇÃO:
Turma: 9º ano
Disciplina: Arte
Duração: 5 aulas geminadas (total de 10 aulas)
Professor: Mariana Rocha Canisso
Objetivo Geral
Compreender arte e cultura regional, cujos temas estão relacionados ao conceito de identidade cultural.
Objetivos específicos
O aluno será capaz de:
·               Entender o que é cultura regional e identidade cultural.
·               Conhecer de forma sucinta a vida e a obra de alguns artistas regionais do Mato Grosso do Sul (Priscilla Pessoa e José Henrique Yura).
·               Conhecer a história da aquarela e experimentar técnicas de pintura com aquarela.
·               Desenvolver produções artísticas com criatividade aplicando a técnica da pintura em aquarela.
·               Expressar suas ideias através da linguagem do desenho.
·               Interagir com os colegas da sala para exercer a sociabilidade.
·               Refletir sobre a construção da sua identidade cultural.
·               Entender o que é diversidade cultural.
                                            
Conteúdo geral:
Aspectos da arte e cultura regional de Mato Grosso do Sul.

Conteúdos específicos:
·               Cultura regional.
·               Identidade cultural.
·               Diversidade cultural.
·               Linguagem do desenho.
·               Técnica de pintura com aquarela utilizando pigmentos naturais.
·               Breve biografia e algumas obras de Priscila Pessoa e José Henrique Yura.

Procedimento de ensino

1º aula e 2º aula-2h/a.

Objetivo específico: Refletir sobre a construção da sua identidade cultural.
Conteúdos específicos:
 - Conceito sobre a identidade cultural.
- Linguagem do desenho.

Desenvolvimento: O professor iniciará a aula propondo uma dinâmica para conhecer melhor o aluno e fazer uma reflexão sobre o conceito de identidade cultural. Neste exercício o professor pedirá que os alunos criem uma carteira de identidade, em que, contenha os seus principais interesses culturais. O aluno deverá realizar um desenho de autorretrato e complementar a carteira com as questões sobre: o que gosta dentro e fora da sala de aula, que lugares frequenta, idade, sexo, sua origem e descendência étnica entre outras perguntas.
Ao final da atividade os alunos deverão apresentar oralmente suas identidades culturais através da carteira de identidade produzida. Para a apresentação das identidades, os alunos, deverão formar um semicírculo e ir até o centro para apresentar sua identidade. Em seguida, deverão colar os trabalhos no mural da sala de aula.
Os alunos serão avaliados na aprendizagem sobre o conteúdo proposto através das produções realizadas e com a exposição oral das mesmas.
Recursos: Lápis de cor, papel sulfite A4, espelho. 

3º aula e 4º aula- 2h/a.
Objetivos específicos:
- Conhecer a história da aquarela.
- Experimentar técnicas de pintura com aquarela.
Conteúdos específicos:
- História da aquarela.
- Técnica da aquarela.
Desenvolvimento: O professor apresentará uma aula teórica/prática sobre a técnica da pintura em aquarela e apresentará um texto sobre a história da aquarela. Serão abordados os seguintes aspectos:
- Introdução à técnica da aquarela: como preparar a tinta, que quantidade usar, que papel e pinceis são ideais, como armazenar o material.
- Como fazer tinta aquarela utilizando pigmentos naturais, tais como: hibisco, café solúvel, açafrão, urucum, anis, entre outros. (Demonstração com aula prática).
Em seguida, os alunos deverão fazer uma experimentação livre com aquarela. O aluno individualmente com o auxílio do professor, deverá experimentar algumas técnicas de pintura com aquarela utilizando as tintas produzidas na sala com o intuito de se familiarizar com a aquarela.
Os alunos serão avaliados na aprendizagem sobre o conteúdo proposto a partir do desenvolvimento das tintas aquarelas e sua utilização em sala.
Recursos: Água, pigmentos naturais, pincel, papel canson A4, texto sobre aquarela.   

5º aula e 6º aula- 2h/a.
Objetivos específicos:
- Conhecer de forma sucinta a vida e obras da artista Priscilla Pessoa.
- Produzir uma pintura em aquarela com o tema sobre a identidade cultural.

Conteúdos específicos:
- Breve biografia e algumas obras de Priscilla Pessoa.
- Pintura em aquarela com a técnica aguada sobre papel seco.
- Conceito de identidade cultural.
- Arte e cultura regional de Mato Grosso do Sul.

Desenvolvimento: A professora falará sobre a biografia e obras da artista Priscilla Pessoa, sobre a temática em especial da obra “Fábulas Instantâneas XIX”. O aluno deverá relacionar aos conceitos sobre a identidade cultural, cultura regional em relação ao aspecto da arte/cultura universal. Serão utilizados textos impressos para o aluno, considerados um apoio à explicação da professora para compreensão do conhecimento.
Em seguida será pedido aos alunos que façam uma pintura, individualmente, com a temática da identidade cultural em uma folha de papel canson A4 utilizando aquarela. Os alunos criarão trabalhos que recriem sua identidade cultural, como veem a si mesmo, utilizando a técnica de pintura em aquarela com pigmentos naturais trazidos pelos alunos de casa. As obras da artista Priscila Pessoa da série “Fabulas Instantâneas” ficarão em exposição de forma impressa e serão comentadas pela professora para conhecimento, reflexão e motivação a produção dos alunos.
Os alunos serão avaliados na aprendizagem sobre o conteúdo proposto a partir de discussões em sala sobre o tema e através das produções realizadas em sala.
Recursos: Obras impressas da artista Priscilla Pessoa, água, pigmentos naturais, pincel, papel canson A4, breve biografia da artista, texto sobre identidade cultural.

7º aula e 8º aula- 2h/a.
Objetivos específicos:
- Conhecer de forma sucinta a vida e obras do artista José Henrique Yura.
- Entender o que é diversidade cultural.
- Expressão de suas ideias através do desenho.

Conteúdos específicos:
- Breve biografia e algumas obra de José Henrique Yura.
- Conceito de Identidade cultural e diversidade cultural.
-Linguagem do desenho.
Desenvolvimento: Término e apresentação das produções realizadas em sala dos trabalhos da aula anterior. Os alunos irão apresentar os seus trabalhos para os colegas, com intuito de refletir e apreciar aspectos como a técnica e a temática relacionada a identidade cultural. Em seguida, a professora irá apresentar a obra: “X, Y e Zé” de José Henrique Yura para os alunos e falará um pouco sobre o artista assim como da obra, discutindo sobre a temática abordada com a finalidade de mostrar as diferentes identidades que podemos construir em diferentes contextos e como elas podem mudar no decorrer da vida. Em seguida, a professora pedirá que os alunos façam um desenho - esboço com lápis preto, sobre como poderia se adquirir uma nova identidade, este trabalho terá continuidade na próxima aula.
Os alunos serão avaliados na aprendizagem sobre o conteúdo proposto a partir de discussões em sala sobre o tema.
Recursos: Obra “X, Y e Zé” impressa de José Henrique Yura, breve biografia do artista, papel canson A4, lápis preto.
9º aula e 10º aula- 2h/a.
Objetivos específicos:
- Desenvolver produções artísticas com criatividade aplicando a técnica da pintura em aquarela.
- Produzir pintura aquarela explorando tons a partir da cor feita com pigmento natural de café.

Conteúdos específicos:
- Conceitos de Identidade cultural e diversidade cultural.
- Pintura em aquarela.
- Tonalidades de cor.

Desenvolvimento: Será pedido aos alunos que trabalhem sobre o desenho - esboço da aula anterior com a pintura em aquarela utilizando pigmentos com tons feitos com aguada de café. Utilizarão como suporte uma folha de papel canson A4. Em seguida, os alunos irão apresentar os seus trabalhos para a classe e realizar comentários sobre o processo e resultados obtidos conforme os critérios dados sobre o tema (identidade cultural) e a técnica aquarela com aguada de café. O professor participará com a turma contribuindo sobre estes aspectos. Os trabalhos ficarão expostos no mural da escola.
Os alunos serão avaliados na aprendizagem sobre o conteúdo proposto a partir das produções realizadas com a exposição oral dos mesmos.
Recursos: Papel canson A4, água, godê, café solúvel, pincel.




Avaliação:
A avaliação da aprendizagem é caracterizada como um processo para definir se os objetivos traçados pelo professor durante o planejamento de sua aula foram alcançados pelos alunos. De acordo com Luckesi (2008, p.150):
A avaliação serve de instrumento de verificação dos resultados planejados que estão sendo obtidos, assim como para fundamentar decisões que devem ser tomadas para que os resultados sejam construídos.”

 Dentro deste contexto, a avaliação ocorrerá de forma processual, em que, o professor examinará as atividades realizadas em sala pelos alunos ao longo do processo e também ao final de cada atividade, examinando se os objetivos preestabelecidos foram alcançados, no caso, se os alunos conseguiram assimilar o conteúdo sobre arte e cultura regional e as técnicas de pintura com aquarela presentes no plano de ensino. Outro critério a ser avaliado, é se os alunos participaram das atividades propostas pelo professor e seu desempenho nelas, tendo como apoio a orientação e o auxílio do professor.
A produção dos materiais que serão utilizados nas aulas também serão avaliados como parte das atividade, no caso, a produção das tintas aquarelas utilizando pigmentos naturais e tons, o professor avaliará se o aluno seguiu os critérios estabelecidos para a fabricação das tintas, assim como, sua utilização nos trabalhos, além de avaliar se a temática proposta foi seguida. Ao final de cada atividade o aluno deverá falar sobre suas experiências ao realizar as atividades e sobre o resultado final das produções através de exposição e leitura das obras feitas em sala.
No exercício de apreciação do próprio trabalho o aluno contribuirá para a avaliação das produções suas e dos outros. Luckesi (2008), afirma que a avaliação é um ato de investigar a qualidade dos resultados intermediários ou finais de uma ação, subsidiando sempre sua melhora. Dentro deste contexto, a avaliação visa sempre a melhora do trabalho do aluno e não uma classificação, por notas, do mesmo. Logo, a avaliação será realizada durante todas as etapas do processo de criação dos trabalhos e visará sempre um melhoramento e não um julgamento dos trabalhos dos alunos.


Referência bibliográfica:

Campo Grande News, Ele se desmembra, tentando quebrar qualquer padrão. Disponível em: . Acesso em 20 de fevereiro de 2016.

Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul. Salão de Arte de Mato Grosso do Sul. Campo grande, 2012.

KINDERSLEY, Dorling. Arte para crianças. São Paulo: Publifolha, 2012.

__________LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 19º ed. São Paulo: Cortez, 2008.

MARCHAND, Pierre. A criação da pintura. São Paulo: Melhoramentos, 1994.

MENEGAZZO, Maria Adélia. Introdução e Artes plásticas. In: Cultura e arte em Mato Grosso do Sul. Campo Grande: FCMS, 2006. p. 13-34.

______________________________Priscilla Pessoa, Fábulas. Disponível em: . Acesso em 20 de fevereiro de 2016.












Anexo

Textos:
Texto 1:
Técnica da Aquarela
A aquarela vem sendo usada a centenas de anos pelo homem. A aquarela é um material fácil de carregar e de secagem rápida, podendo inclusive ser trabalhado em diferentes tipos de suportes, sendo o principal suporte utilizado o papel. É uma tinta à base de água, por isso seca rapidamente. Pierre Marchand explica que:
A aquarela é feita de pigmento misturados a água, elas são fabricadas com uma mistura de ingredientes que não variou nos últimos cem anos: terras finas, goma-arábica, galha, mel e açúcar-cande. A massa é despejada sobre uma placa de granito e quando endurecida, é cortada em tabletes, como balas.  Ela é aplicada em aguadas ralas de cor delicada que vão sendo sobrepostas. (1994, p. 23)
As principais qualidades da aquarela são a transparência e a ilusão de luz, além de ser um material leve que seca assim que a água evapora. No livro Arte para crianças diz que:
A aquarela provavelmente surgiu com as pinturas rupestres primitivas, em que pigmentos eram misturados a água. Ela se tornou mais popular no Renascimento e hoje é muito usada por artistas amadores. (2012, p.52)
Há muitas técnicas de pintura com aquarela, uma delas é a úmido sobre úmido, em que mergulha-se o papel na água e trabalha com a aquarela no papel ainda úmido, ou pode-se esperar que as aguadas sequem e aplicar outras cores sobre elas, aumentando sua intensidade. Ao invés de utilizar a tinta branca, pode-se deixar áreas do papel vazias ou raspá-las depois.
A aquarela deve ser trabalhada em papéis com gramatura acima de 180gr, por ser uma tinta à base de água, rasga com facilidade papéis mais finos. Os pincéis de pêlos macios são os ideais para se trabalhar com a aquarela.





Texto 2:
Identidade Cultural
Nossa identidade será criada com base em um misto de experiências e fatores sociais, culturais, históricos, e outros, como por exemplo, classe social, nível de conhecimento, gostos pessoais, o meio em que vive, religião, influência estrangeira, entre outros. De acordo com Kathiane Iglesias Rocha apud Menegazzo (2006, p.15):
A identidade cultural não pode ser vista como algo limitador, que fecha cada cultura dentro de seu respectivo espaço, mas, principalmente, como um meio de se confrontarem as diferenças, tornando-as evidentes, e tratando tais diferenças num patamar de igualdade de valor. Não há identidades mais valorizáveis, ou menos reconhecíveis, o que existe é a inegável presença de culturas diferentes e singulares, e cada uma delas deve ser vista e valorizada segundo suas especificidades, não deixando de ser evidenciada também enquanto elemento componente de um valor total.

A busca por uma identidade é algo que em algum momento de nossas vidas irá acontecer, e não será uma tarefa fácil. De certa forma a identidade está em constante transformação, com tantas mídias e meios de comunicação, e o contato com o outro e o mundo, somos frequentemente influenciados por elas, e nos vemos em constante mudança. De acordo com Stuart Hall (2006, p. 21): “uma vez que que a identidade muda de acordo com a forma como o sujeito é interpretado ou representado, a identificação não é automática, mas pode ser ganhada ou perdida.”
Texto 3:
Artista: Priscilla Pessoa

Priscilla Pessoa, é natural de Campo Grande – MS e é professora do curso de Artes Visuais da UFMS. Formada em bacharel em Artes Visuais pela UFMS com mestrado em Estudos de linguagem é também artista visual e utiliza a pintura e o desenho como linguagens. Participou de inúmeras exposições, mostras e salões de arte, inclusive tendo sido premiada em alguns deles, tais como os salões de arte de MS de 2012, 2013 e 2014. Possui 16 obras incorporadas ao acervo do MARCO – Museu de arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul e
2 obras incorporadas ao acervo do SESC – Horto. Em sua série “Fábulas Instantâneas” se apropria de imagens da internet e cria uma segunda identidade para as imagens brincando com o fato da representação que mostramos ao mundo em uma fotografia, dando oportunidade para o observador da obra, criar então, uma terceira identidade através da leitura da obra.
Texto 4:

Artista: José Henrique Yura

José Henrique Yura nasceu em Aparecida do Tabuado e é descendente de japoneses. Tentou cursar a faculdade de moda, porém, não se classificou e uma semana antes de completar 18 anos se mudou para Campo Grande, onde entrou para o curso de Artes Visuais da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Sempre foi assunto em sua cidade natal por conta de sua “estranheza”, mas nunca se importou com comentários de estranhos. Yura diz que:
“Essa mudança na minha vida é algo muito natural. Eu, enquanto ser humano, indivíduo existente, tenho a necessidade constante de mudança. Eu preciso estar constantemente mudando minha aparência, meu modo de vestir, enfim, preciso mudar meu visual” (2011)
Único artista da família, Yura nunca pensou que fosse trabalhar com linguagens, foi algo que aconteceu durante o tempo que cursou a faculdade e teve contato com diferentes formas de expressão. Seu trabalho “X, Y e Zé” foi selecionado para o Salão de Artes de Mato Grosso do Sul e ficou em exposição por uma temporada no Museu de Arte Contemporânea - MARCO.
Texto 5:
Arte Regional
 Sabemos que o Mato Grosso do Sul é um Estado relativamente novo, tendo ocorrido o desmembramento do Estado de Mato Grosso em 1977, mas estabelecendo a categoria de Estado de Mato Grosso do Sul somente em 1979, pelo então Presidente Ernesto Geisel. Além de configurar-se politicamente como um novo Estado, também procurou reconstruir as identidades culturais que acabaram se unindo às tradições e culturas já existentes, criando hoje o que conhecemos como nossa cultura regional sul-mato-grossense.
Dentro deste contexto, a arte, passou por grandes mudanças. A mistura de nossa cultura pode ser percebida na arte regional, com grande influência indígena, além das influências dos povos de países vizinhos que fazem fronteira com o Mato Grosso do Sul, como o Paraguai, Bolívia, e a proximidade com os estados do Sul, de São Paulo, Mato Grosso, entre outros. É essa diversidade que possibilitou a identificação da arte e cultura próprias, levando em consideração as influências tanto nacionais quanto internacionais. Segundo Maria Adélia Menegazzo (2006, p. 17), a cultura pode ser vista como visão do mundo ou como produto, mas necessariamente como marca de cidadania. A autora afirma nossa diversidade:
Retomando o conceito de cultura como visão do mundo, podemos dizer que a cultura sul mato-grossense é plural e multifacetada. Difícil de ser contida ou descrita em todos os seus aspectos. Mato Grosso do Sul é um meltingpot, um cadinho, uma mistura de povos, de fronteiras secas internas e internacionais, o que o torna um Estado formado mais por ajuntamento do que por evolução natural.
Da mesma forma que existe quase uma infinidade de ideias e valores a serem seguidos, também existe uma unidade, um padrão cultural internacional. Menegazzo (2006, p.16), faz referência a este padrão em seu texto:
Ao mesmo tempo em que as diferenças se acentuam, há um movimento de assimilação de um padrão cultural internacional que mantem presente a ideia de se pertencer a uma tradição mais ampla, em oposição ao tradicionalismo que impede o questionamento das estereotipias, que revelam o saber do senso comum, entendido como conhecimento espontâneo, ingênuo ou como pensamento natural.
Logo, percebemos que a cultura e as tradições são feitas pelo seu próprio povo, é o povo quem dita que valores querem atribuir dentro da sociedade em que vive e convive. Hábitos e valores podem ser mudados com o tempo, pois como foi dito anteriormente, nada é imutável e a quantidade de ideias e valores que a humanidade pode se submeter é de quase uma infinidade. Porém, dentro de tantas opções, sempre haverá uma unidade cultural a se retornar ou, simplesmente não sair.
Somos um estado que recebemos influência de outros estados e isso nos fez o que somos hoje: um estado multicultural.   







Imagens:
Imagem número 1.
Artista: Priscilla Pessoa
Obra: “Fabulas Instantâneas XIX”.
 Técnica: Aquarela sobre papel.
Fonte: atelieppp.blogspot.com.br/p/fabulas.html
Catalogo de 2012 do MARCO

A artista se apropria de retratos de mídias, e com a sua poética recria identidades. A identidade ganha contornos universais, nos recortes e criação poética da artista. Segundo Menegazzo (2006, p. 34), “a sinuosidade, própria do objeto representado, remete ao arabesco que, por sua vez favorece o entrelaçamento dos corpos aos pares, o jogo de máscaras e de mitos, a expressividade das cores”

Imagem número 2.
Artista: José Henrique Yura
Obra: X, Y e Zé
Técnica: foto-instalação
Fonte: catalogo de 2012 do MARCO
José Henrique Yura, apresenta em sua obra uma nítida busca pela identidade. Na obra mostra uma evolução de si próprio; as mudanças em sua identidade no decorrer dos anos. A obra representada no formato de uma carteira de identidade, mostra a evolução da identidade do artista.





[1] Recomendamos como referência bibliográfica sobre a obra de Lídia Baís o livro: RIGOTTI, Paulo. Imaginário e Representação na Pintura de Lídia Baís. Dourados: UEMS/UFGD,2009.

[2] MARCO: R. Antônio Maria Coelho, 6000 - Carandá Bosque, Campo Grande – MS. Morada dos Baís: Av. Noroeste, 5140, Campo Grande, MS.

[3] Outras referências sobre Humberto Espíndola podem ser encontradas no portal online do artista. Disponível em: http://www.humbertoespindola.com.br/ Acesso em: 20/06/2015.
[4] Outras referências sobre Priscilla Pessoa podem ser encontradas no portal online do artista. Disponível em: http://atelieppp.blogspot.com.br/ Acesso em: 26/06/2015.
[5] Outras referências sobre o artista José Henrique Yura podem ser encontradas na entrevista online para o Campo Grande News. Disponível em: http://www.campograndenews.com.br/lado-b/comportamento-23-08-2011-08/ele-se-desmembra-tentando-quebrar-qualquer-padrao Acesso em: 26/06/2015.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

TUTORIAL PARA STOPMOTION


Roteiro básico para fazer um stopmotion

MÍDIAS EM @ÇÃO
OFICINA DE INFORMÁTICA EDUCACIONAL
ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL

Título
(como se chama a minha animação?)


Ambientação da cena
(onde se passa a minha animação, em que horário?)

Em um ateliê.
Personagens
(quem participa da minha animação?)

Bolinhas de tinta colorida.
Objetos de cena
(o que será utilizado na minha animação?)

Massinha de modelar, imagem do artista Franz Marc, mdf e tinta acrílica.
Enredo
(o que acontece na minha animação?)

Varias bolinhas coloridas se jogam em uma tela branca formando uma imagem abstrata. Quando a ultima bolinha for atirada, a obra Formas em luta, do artista Franz Marc - (1914), será mostrada.
Sonoplastia
(que efeitos sonoros serão utilizados na minha animação?)


Trilha sonora
(que músicas serão utilizadas na minha animação?)

T-ara – Like the first time.

OS ROTEIROS DEVE CONTER OS ITENS ACIMA 

domingo, 19 de maio de 2013

O que é stop motion

Stop motion é uma técnica de animação fotograma a fotograma (ou quadro a quadro) com recurso a uma máquina de filmar, máquina fotográfica ou por computador. Utilizam-se modelos reais em diversos materiais, dentro dos mais comuns, está à massa de modelar, ou especificamente massinha. Muitos contêm sistema de juntas mecânico, com mecanismos de articulações muito complexos. No cinema o material utilizado tem que ser mais resistente e maleável, visto que os modelos têm que durar meses, pois para cada segundo de filme são necessárias aproximadamente 24 quadros (frames). Os modelos são movimentados e fotografados quadro a quadro. Estes quadros são posteriormente montados em uma película cinematográfica, criando a impressão de movimento. Nesta fase podem ser acrescentados efeitos sonoros como fala ou música. Um dos muitos filmes feito com a técnica de stop motion foi O Estranho Mundo de Jack (1993), de Henry Selick. Outros como A Fuga das Galinhas, A Noiva Cadáver, Wallace e Gromit, Coraline e o Mundo Secreto, O Fantastico Sr. Raposo (2009), de Wes Anderson, A Festa do Monstro Maluco (1967) e Frankenweenie (2012) são exemplos de filmes em stop motion " Piratas pirados" " A noiva cadáver" "O estranho mundo de Jack" " A fuga das galinhas"